Os muros da desigualdade social se mostram cada vez mais visíveis nas favelas cariocas

Fotos: Patrick Mendes @frentemare

Favelas e periferias de todo o país têm sofrido com tamanha vulnerabilidade social que só fez aumentar neste período de pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A Frente de Mobilização da Maré, que reúne hoje mais de 20 coletivos atuantes no Conjunto de Favelas da Maré, vem produzindo há quatro meses comunicação comunitária sobre o Covid-19, além de atender inúmeras famílias com doações de cestas básicas e kits de higiene.

A Frente é formada por voluntárias e voluntários da própria favela, e desde o início são estes moradores que têm visto de perto o número de famílias com fome, outras perdendo o emprego e sem dinheiro para o aluguel, além de tantas outras doentes e sem atendimento médico ou até mesmo morrendo dentro de suas próprias casas de Covid-19 e tantas outras doenças.

Isso significa que nós, moradores de favelas, estamos vivendo à própria sorte. Além de todos os problemas já mencionados, somos nós moradores de favelas que durante anos sofremos com a falta de abastecimento de água, saneamento, além de estarmos sofrendo com as constantes violações cometidas pelas polícias militar e civil. Só este ano inúmeras crianças negras, pobres e faveladas foram assassinadas dentro das favelas e periferias do Rio.

Nos primeiros quatro meses deste ano, mais de 600 pessoas, principalmente jovens negros, perderam a vida nas favelas devido a política do confronto militarizado de combate às drogas.

E os mesmos coletivos que estão nos seus territórios de moradia e de luta realizando trabalhos de conscientização, de entrega de cestas básicas e, também, de produtos de limpeza, para tudo não ficar pior do que já está em relação aos números de mortos e infectados por coronavírus, são os que entraram na justiça para impedir as operações policiais nas favelas. Ou seja, são inúmeras as formas de abandono e ausência de direitos que nós, população negra, pobre e favelada estamos sofrendo. Assim, como são várias as lutas cotidianas travadas pela população que habita as favelas.

Para terminar, é importante dizer que trabalhos como este da Frente de Mobilização da Maré deveriam ser feitos pelos próprios governantes. Mas, infelizmente, são eles que, no lugar de garantir e cuidar do direito à vida, estão flexibilizando tudo, estão mais preocupados com a economia nacional e internacional do que com cada cidadã e cidadão.

 

E, num momento em que temos os governantes tirando direitos, temos certeza que é a solidariedade que irá nos manter de pé. Precisamos do apoio mútuo e, também, da luta coletiva pela cobrança ao Estado pelas garantias de direitos para todos e todas. É pela vida!

Texto por: Frente de Mobilização da Maré

 

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