Desde que os órgãos oficiais e a imprensa difundiram a importância da higiene e do isolamento social para o enfrentamento do novo coronavírus, um problema latente a milhares de moradores da Cidade do Rio de Janeiro tem sido denunciado na Esfera Pública: a falta de saneamento básico.
O saneamento básico engloba um conjunto de serviços e ações em torno da distribuição de água potável, da coleta e tratamento de esgoto, da drenagem das águas em centros urbanos e na coleta dos resíduos sólidos (coleta de lixo). No Rio de Janeiro, por inúmeras razões, muitas de ordem política, o saneamento básico ainda não é realidade para parcela importante de sua população, especialmente daquelas residentes em áreas denominadas como favelas.
Na Imprensa, desde março, algumas reportagens foram veiculadas denunciando a falta d’água em regiões situadas em favelas, como, por exemplo, na Babilônia, Camarista Méier, Complexo do Alemão, Acari e Manguinhos.
O Ministério Público e Defensoria Pública chegaram a se mobilizar para instituir mecanismos de pressão sobre a Cedae (Empresa responsável pelo fornecimento de água) para que, no período de enfrentamento à pandemia, ações emergenciais fossem assumidas.
Mas o problema da falta d’água, como muitos outros, parece não ter mudado posturas do Poder Público. Desde semana passada, 4 sublocalidades do Complexo de Manguinhos sofrem com a falta d’água, colocando milhares de pessoas sem acesso a um direito humano fundamental. Isso gera diminuição da higiene pessoal, transtornos dos mais diversos, e infortúnios em ter que recorrer a “bicas coletivas” para encher vasilhames para provimento do mínimo. Idosos, gestantes, mães com filhos pequenos e pessoas com problemas físicos de locomoção sofrem ainda mais.
Texto por: Sara Silva Moreira, Moradora do Complexo de Manguinhos