A pandemia no Conjunto Habitacional Esperança, Colônia Juliano Moreira (RJ)

Neide Belém de Mattos Ex-agente de saúde e moradora do Conjunto Esperança
Foto: Neide Belém de Mattos

O Conjunto Habitacional Esperança localizado dentro da Colônia Juliano Moreira, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, é formado por 70 casas distribuídas em seis quadras. No início da pandemia, duas pessoas que precisavam sair para trabalhar se contaminaram e há suspeita de que outras tenham se contaminado a partir do contato com elas.

Segundo o relato de Neide, ex-agente de saúde e moradora, em agosto surgiu um novo caso: um morador que não estava de quarentena porque precisava trabalhar e se contaminou. Essa pessoa procurou um hospital na Tijuca para fazer o teste, mas não conseguiu. No momento, se encontra medicada e passa bem, se esforçando para manter uma boa alimentação. A Clínica de Saúde da Família que atende ao Conjunto Esperança estava realizando apenas testes rápidos e para casos graves.

Desde que começou a pandemia, houve um óbito no Conjunto Esperança de uma pessoa que já sofria com câncer, mas havia a suspeita de que a pandemia tenha contribuído para o agravamento do caso, já que não foi possível fazer o tratamento de quimioterapia. Segundo a ex-agente de saúde, por conta do estigma da doença, as pessoas são reservadas e evitam indagar sobre o assunto.

No atual momento da pandemia, poucas pessoas usam máscaras no interior do conjunto habitacional e as crianças e adolescentes não pararam de brincar na rua. Idosos têm apresentado dúvidas sobre como proceder em relação às receitas vencidas. Algumas medicações estão em falta na clínica da família e os moradores estão tendo que recorrer a farmácias para comprar medicamentos que deveriam ser fornecidos gratuitamente.

O serviço de transporte está mais precário durante a pandemia. Dentro da Colônia Juliano Moreira tem uma estação de BRT que tem funcionado com intervalos muito grandes os ônibus circulando muito cheios.

Há uma linha de ônibus que faz o trajeto Taquara-Colônia e os veículos circulam de hora em hora. Além da linha de ônibus, há muitas vans operando na região e observa-se com frequência passageiros e motoristas sem máscaras, assim como no comércio local. Apesar de a informação circular, muitas pessoas estão fazendo churrascos, festas – inclusive festa junina, que acabou não acontecendo em razão das chuvas. O serviço de limpeza das ruas do Conjunto Esperança é feito por moradores que se reúnem para limpar porque a prefeitura não entra no Conjunto.

Esta gostando do conteúdo? Compartilhe

Veja Também