Nos últimos dois anos sofremos diversos impactos pela crise sanitária mundial da pandemia de Covid-19, e como sempre os moradores de territórios periféricos e favelizados foram mais atingidos. Além de serem os mais vulneráveis à insegurança alimentar, em sua maioria, os moradores sofrem exposição ao vírus por geralmente ocuparem cargos cujas funções oferecem mais riscos de contágio; são mais suscetíveis de serem alvo de discursos anti-científicos e disseminação de fake news por terem, em sua maioria, atingido baixo grau de escolaridade. Esse mesmo segmento também sofre impacto no acesso à educação, desta vez por falta de equipamento e acesso à internet, além de contarem com transtornos relacionados à violência policial que não foi interrompida nesse momento de maior fragilidade social.
Todos os problemas de se viver à margem foram agravados pela dificuldade de acesso a atendimento médico, pelo sucateamento do Sistema Único de Saúde (SUS) resultante de muitas práticas e negligências que sempre desfavoreceram os que são dependentes de serviços públicos. Falta de insumos, desvalorização de profissionais e até o fechamento da
Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manguinhos, são obstáculos a serem superados por moradores da região, que deveriam ter seus direitos garantidos pela constituição respeitados, entre eles, o direito à saúde, que como define a Organização Mundial de Saúde, deve ser entendida como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a ausência de doença ou enfermidade.