Aviso prévio na pandemia

Comissão dos Agentes Comunitários Saúde de Manguinhos (COMACS-Manguinhos)
Foto: Arquivo Comacs Manguinhos

A pandemia de Covid-19 nas favelas tem sido cada vez mais ponto de pauta e objeto de pesquisas, sobretudo pela relação entre a doença e questões de saneamento básico e estruturais que agravam a situação nestas regiões mais vulnerabilizadas. Em Manguinhos, ações de pre­venção e pesquisas vêm ocorrendo de maneira crescente, porém, por outro lado, encontramos um cenário preocupante no que diz respeito aos equipamentos de saúde do território, como, por exemplo, as Clí­nicas da Família.

Inacreditavelmente, os trabalhadores e trabalhadoras destes equipa­mentos foram colocados em aviso prévio devido ao fim do contrato TEIAS Escola Manguinhos. É por meio desse projeto que a gestão do serviço de saúde pública de Manguinhos é feita de forma comparti­lhada entre a Prefeitura do Rio de Janeiro e a Fiocruz. Para substituir esse contrato, foi construído um projeto de convênio por meio de uma colaboração entre a Fiocruz e a Secretária Municipal do Rio de Janeiro de Saúde. Esse projeto está no momento na Prefeitura, mas ainda sem a garantia de que será assinado. O que nos deixa mais preocupados é que os trabalhadores já estão agendados e realizando os exames pe­riódicos. Caso o contrato não seja firmado até o dia 23 de novembro de 2020, todo o serviço ficará comprometido podendo os usuários en­contrarem as portas fechadas em plena pandemia.

No contrato atual do Teias Esco­la Manguinhos temos os equi­pamentos: CMS Manguinhos, Clínica da Família Victor Valla, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Magal, UPA Manguinhos. Uma das alterações para o novo contrato é foi a retirada a UPA MANGUINHOS, cuja gestão será transferida para outra organiza­ção, o que trará demissão em massa dos trabalhadores da UPA. Esses, por sua vez, também já estão cumprindo seu aviso prévio. A medida, além dos danos já citados, também prejudicam a gestão participativa que vem ocorrendo há anos no território, como fruto da mobilização de mora­dores e trabalhadores dos equipamentos de saúde e da Fiocruz. Diantes desses acontecimentos, os coletivos vêm se articulando para que os ser­viços, a população e os trabalhadores não sejam prejudicados.

Na última reunião do Conselho Gestor Intersetorial (CGI), o coletivo enca­minhou a composição de uma carta coletiva de intenções a ser enviada aos novos candidatos às eleições para Prefeitura. Em um dos parágrafos diz:

“A partir dessas considerações, reivindicamos que os senhores assu­mam, em documento por escrito, o compromisso de trabalhar para que sejam garantidos os recursos e políticas necessárias para o pleno funcionamento das unidades de saúde que atendem a população do Complexo de Favelas de Manguinhos. No caso do CAPS Magal, atende também o Complexo de Favelas da Maré e São Cristóvão. Com desta­que explícito para o compromisso com a assinatura imediata do Proje­to de Convênio entre Prefeitura do Rio de Janeiro e a Fiocruz de forma a garantir que não haja descontinuidade na prestação dos serviços da população atendida por essas unidades de saúde. Esperamos dos se­nhores a demonstração de um compromisso efetivo de trabalharem para que os poderes executivo e legislativo atuem de forma responsá­vel evitando precarização e descontinuidade dos serviços públicos de saúde prestados para a uma população já tão abalada pela atual crise sanitária da pandemia da Covid-19.”

Foto: Arquivo Comacs Manguinhos

A Comissão dos Agentes Comunitários de Manguinhos – Comacs Manguinhos, que também compõe esta articulação, se solidariza com todos os trabalhadores e trabalhadoras.

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