Nós, moradores do “Empreendimento Habitacional Nabuco de Freitas, no bairro do Santo Cristo, na Zona Central do Rio de Janeiro, gostaríamos de denunciar os problemas de água e esgoto que estamos enfrentando e reivindicamos solução para essas demandas.
Todo esse processo começou durante os governos de Eduardo Paes e Sérgio Cabral. O argumento era de que as obras de revitalização na Zona Portuária seriam importantes, pois faziam parte da preparação da cidade para a Copa do Mundo (2014) e Olimpíadas, em 2016. O entãoprefeito Eduardo Paes, em minha opinião de cidadão carioca, realizou uma verdadeira higienizaçãp étnica, no estilo racista de Pereira Passos a quem ele mesmo dizia admirar e assumia se inspirar. Tanto que, em minha visão, houve uma perseguição às pessoas negras e/ou pobres e faveladas, tudo isso em nome do “progresso” e do turismo.
Foi muita resistência, mas em um dado momento, depois de muita luta, a grande maioria dos moradores da ladeira do Faria número 125, foi “convencida” a deixar suas casas e ir para o aluguel social. Apenas em 2013 chegamos à Rua Nabuco de Freitas, onde estamos até hoje numa chamada “Concessão”, emitida pela Secretaria de habitação para uso do imóvel. No projeto estava prevista a construção de sete Blocos de apartamentos de 42m², totalizando 118 unidades, vias para trânsito interno, três salas comunitárias e área de recreação infantil. Entretanto, as obras nunca foram concluídas na totalidade. Após passar pela remoção violenta forçada, aluguel social, batalha e posterior vitória judicial, parte dos removidos, mais exatamente 34 famílias, foram contempladas com as referidas habitações, ainda que incompletas, pois apenas dois dos sete blocos foram entregues e nenhum equipamento de convívio social estava pronto. Estávamos felizes, em parte, e nos mudamos com a promessa de que as obras continuariam e nossos vizinhos viriam em seguida.
No entanto, nada disso ocorreu. O que aconteceu foram obras sem conclusão, nossos vizinhos nunca vieram e até o presente momento enfrentamos problemas graves na estrutura. Por exemplo: temos um entupimento e transbordamento nas caixas de gorduras, localizadas embaixo de cada bloco, como nos informa a planta do condomínio, o que tem colocado as estruturas em risco de desabamento. Já solicitamos providências, mas elas só chegam de forma paliativa. Infelizmente, o alagamento e transbordamento persistem, formando um foco permanente de insetos e outras pragas, como ratos e baratas, além de alagar o pátio, único lugar possível para convívio social de adultos e crianças. Se não bastasse tudo isso, o cheiro está cada vez mais insuportável. Agora, junto a tudo isso, temos ainda que enfrentar uma pandemia nessas condições.