Incertezas que ferem corpo e alma!

André Lima Conselho Comunitário de Manguinhos
Foto: Acervo pessoal André Lima

A população de Manguinhos enfrenta diariamente diversas batalhas para sobreviver num cenário repleto de mecanismos produtores de violências e mantenedores de velhas e novas formas de adoecimento. Sem deixar de considerar o contexto macroestrutural que viabiliza a negação ou supressão constante de direitos a determinados grupos populacionais, elenco algumas questões importantes na Esfera Pública Territorial de Manguinhos. A primeira destas é,

o abandono do poder público com o que ainda restava de ordenamento urbano, e com isso, a coleta de lixo, a limpeza urbana, a iluminação pública, a atenção aos dependentes químicos e aos moradores em situação de rua, dentre outras ações deixadas de lado pelo poder público, somadas ao abandono estrutural dos equipamentos públicos situados no território (Biblioteca Parque, Casa da Mulher, etc), agrava um cenário de adoecimento.

Uma segunda questão se refere aos trabalhadores da Saúde, especialmente os das Equipes de Saúde da Família, além do risco a que são submetidos corriqueiramente na sua ação de enfrentamento à Covid-19, ainda sofrem pelas incertezas quanto à permanência da Fiotec na gestão da Atenção Básica. Em outras palavras, temem por seus empregos. Mas esse sentimento não é infundado, nasce da situação que ocorre com a Unidade de Pronto Atendimento (UPA Manguinhos), onde dezenas de trabalhadores serão demitidos, mesmo contrariando o desejo dos conselheiros locais de saúde.

Com a parceria da Fiocruz e de outros agentes privados, o Projeto Conexão Saúde: De olho na Covid chega em Manguinhos, com atuação já na Maré, onde a intervenção funciona há alguns meses. Neste projeto estão previstas ações de Telemedicina, com a ONG SAS Brasil, testagem de moradores para a Covid-19 e monitoramento destes a partir do aplicativo Dados do Bem. O que tem chamado atenção aos membros do Conselho Comunitário de Manguinhos, em sinergia com a opinião de alguns conselheiros de saúde, é a dificuldade para se criar um fluxo integrado entre as ações das Equipes de Saúde da Famílias e a ação de Telemedicina. Reuniões, inclusive presenciais, já aconteceram.

E, por fim, a sobrevivência econômica está ameaçada por diversos fatores: o desemprego estrutural e a baixa escolarização entre os moradores do território; o fim do auxílio emergencial; a elevação criminosa de preços de itens da cesta básica; e da diminuição drástica das campanhas de doação de cestas de alimentos e itens de primeira necessidade. Os coletivos e movimentos sociais em Manguinhos sabem dos dias difíceis que virão. Oxalá que tenham discernimento, sabedoria e prudência para organizarem suas lutas pela vida!

Esta gostando do conteúdo? Compartilhe

Veja Também