Pandemia e Fake News no Rio de Janeiro

Miguel Suzarte 16 anos, estudante, morador de Coelho Neto, Zona Norte do Rio de Janeiro

Navegando em uma rede social, encontro a postagem de um suposto profissional da saúde orientando as pessoas ao descumprimento do isolamento social, principal medida preventiva na contenção de contágios pelo novo coronavírus. Em oposição a especialistas de todo o mundo, a publicação afirma que “o vírus só irá parar quando infectar a maioria”. Acumulando centenas de compartilhamentos, a falsa afirmação chegou aos meus vizinhos, nas proximidades de Irajá, bairro na Zona Norte do Rio de Janeiro.

Assim, receosos com as consequências da propagação das “fake news” e com o crescimento do número de casos, os próprios moradores se organizaram em uma megaoperação a fim de auxiliar uns aos outros no combate ao Covid-19, atuando em duas frentes: alertando sobre a importância do isolamento social e esclarecendo dúvidas, com carros de som, faixas e cartazes espalhados pelo bairro e também atuando na distribuição de cestas básicas e produtos de higiene, a partir da arrecadação de fundos e cadastramento das famílias em vulnerabilidade.

Contudo, mesmo presenciando a grande mobilização, uma considerável parcela acreditou nas desinformações. Nas ruas, percebe-se pouca adesão ao distanciamento, em parte por conta da descrença em sua eficácia. Dessa maneira, com o vírus fazendo mais vítimas na periferia, a disseminação de notícias falsas nas áreas com os menores índices de desenvolvimento social do município do Rio de Janeiro segue na contramão da atuação de lideranças comunitárias na conscientização, prevenção e assistência à população, de forma a contribuir para a potencialização nos índices de contágios.

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