A chegada da pandemia no Brasil escancarou os limites das contradições que vivemos. Sem investimento em áreas prioritárias, quaisquer iniciativas vindas do governo funcionarão apenas como um paliativo e olhe lá. A aprovação do auxílio-emergencial, reivindicado na Câmara dos Deputados pela oposição, é um exemplo de solução que busca amenizar a falta de renda, mas não incide na raiz do problema, que é o desemprego e a desigualdade social. Assim, no momento de agravamento da atual crise, que é sanitária, econômica, social, ambiental e política, rapidamente se torna possível identificar quem são os mais prejudicados nesse processo.
Os dados levantados pelo SUS acerca das vítimas da pandemia demonstram: as vítimas, majoritariamente, compõem a população pobre, negra e favelada do país. O cenário nacional torna-se cada vez mais complexo quando analisamos a juventude brasileira como sendo a que mais morre no mundo. Paralelamente a isso, no Rio de Janeiro segue em curso o extermínio da juventude negra, seja através das políticas públicas que legitimam operações policiais que violam direitos, seja através dos conflitos armados. Desse modo, cada vez mais é naturalizada a morte dentro das favelas.
Atualmente a juventude brasileira, com idades entre 15 e 29 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), totaliza um número superior a 47 milhões de indivíduos. A juventude é o momento social da vida onde entendemos quem somos no mundo e nossa capacidade de transformar a vida – uma fase de possibilidades e sonhos. No entanto, a juventude favelada tem tido, a cada dia, suas opções cerceadas. O fechamento de escolas e a criminalização da vida e da cultura das favelas e periferias são alguns dos exemplos.
É fundamental problematizar aqui os desafios dos cuidados com a saúde física, emocional e mental. Para grande parte das favelas, a Covid-19 assustou, mas pouco influenciou na mudança de hábitos e cuidados. Se para alguns a Covid é o maior inimigo, para outros a bala e a fome vêm primeiro.
Ainda não sabemos quando será possível vacinar nossa população, mas assim como o novo coronavírus, sabemos que não será um processo democrático. Além disso, a incógnita do que será o dia de amanhã persiste. Enquanto isso a juventude segue buscando formas de sobreviver às adversidades que é ser um jovem no Brasil, onde o racismo e o patriarcado são tão enraizados quanto sua própria desigualdade.
Nós do Levante, que carregamos sonhos, esperança e fé em um mundo melhor, temos a certeza de que a unidade das forças populares e democráticas e a solidariedade do povo para o povo fez e fará diferença na construção de uma sociedade que nos sirva, que seja plena e digna. Temos fé no povo porque ele resiste. Venceremos!