Reabertura da UPA de Manguinhos: Quando a favela se une

Elenice Pessoa, Moradora de Manguinhos e integrante do Conselho Gestor Intersetorial do Teias Manguinhos
Reabertura da UPA no dia 11/04/2021 - Imagem: Acervo Comacs

Domingo, 11 de abril 2021, amanhece com o sol “meio” acanhado, são sete horas. Depois de longos 95 dias com as portas fechadas, onde 38 mil pessoas deixaram de ser atendidas (a média era 400 atendimentos diários), um grupo de moradores, através de uma comissão formada na luta pela reabertura da Unidade de Pronto Atendimento de Manguinhos (UPA Manguinhos) se faz presente na porta da mesma, esperando as portas finalmente reabrirem pra voltar atender o nosso povo.

Depois de tantas mobilizações, passeatas pelas vias embaixo de chuva e sol quente, audiências com secretário e politicos, chamadas nas redes socias por artistas, o dia chegou. Estávamos comemorando sim, sabendo que a luta continua, pois reabriu, mas o quadro de funcionários não está completo e ainda faltam alguns equipamentos. Estaremos atentos e continuaremos cobrando, afinal: como, no meio de uma pandemia, com um vírus matando 3 mil pessoas por dia, uma Unidade de Pronto Atendimento, que deveria atender casos de alta complexidade como infartos, derrames, fraturas, febres altas, não esquecendo os casos suspeitos de Covid, é fechada da noite para o dia, sem nenhum aviso? E quando cobrados, secretário de saúde e o prefeito deram explicações sem nenhum fundamento como o de que trabalhadores estariam trabalhando sem contrato, obras para serem feitas… Nada que justificasse a medida extrema de fechamento.

Manifestação no dia 06/01/2021 – Imagem: Bruno Pessoa

Ver as pessoas chegando, mães com filhos machucados por queda, senhorinhas com dores e febre, encontrando as grades da UPA fechada e ficarem sem saber pra onde ir ou o que fazer, foi muito desesperador. Alguns vão a pé, ou só têm dinheiro da passagem. Muitos aposentados, donas de casa e desempregados, que só tinham a UPA como salvação para suas dores ou vidas… Ouso dizer que talvez tenhamos perdido vidas, pois na favela o nosso “plano de saúde” é o Sistema Único de Saúde, o SUS; a UPA funcionando com todo o seu quadro de funcionários, com todos os seus equipamentos e insumos, medicamentos, com um atendimento humanizado e igualitário.

Esta gostando do conteúdo? Compartilhe

Veja Também