Rio de janeiro – Amazonas: a importância da organização popular unificada na pandemia de covid-19

Por Anderson Oli, morador do Complexo da Maré, Zona Norte do Rio de Janeiro Estudante de Letras e bolsista de comunicação comunitária da Cooperação Social da Fiocruz.
Crédito: Ato-live: “Luta e luto na pandemia: auto-organização popular no Amazonas e Rio de Janeiro.

No dia 10 de fevereiro de 2021, em uma quarta-feira à tarde, aconteceu no canal do Cidades em Movimento da Cooperação Social da Fiocruz o ato-live: “Luta e luto na pandemia: auto-organização popular no Amazonas e Rio de Janeiro”. O ato-live integrou a programação do dia de mobilização de enfrentamento ao Covid-19 nas favelas do Rio de Janeiro.

Logo no início do ano, a pandemia do novo coronavírus colocou o Amazonas mais uma vez em evidência, devido ao grande aumento da população infectada pelo vírus, bem como a crise relacionada à falta de oxigênio nos hospitais. O estado do Amazonas tem uma das piores densidades de leitos do país e um sistema de saúde público e privado
concentrado apenas na capital, Manaus.

Por outro lado, o Rio de Janeiro é um dos estados com a maior densidade de leitos hospitalares e de UTIs do Brasil. Apesar disso, após um ano de pandemia, esses dois estados são os que possuem as maiores taxas de mortalidades por Covid-19 no Brasil.

Mas quais são as populações mais afetadas pelo Covid-19 no país? De acordo com os relatos dos participantes da live, sabemos — e não é de hoje — que os mais afetados pela pandemia são os grupos de classe econômica mais baixa, aqueles que sofreram mais opressão, além de sofrer também com a falta de políticas públicas, a saber: os
povos indígenas, os quilombolas, os negros e os moradores de favelas e periferias do Brasil.

A falta de recursos básicos nas favelas evidencia as grandes desigualdades sociais, pois são negligenciadas pelas políticas do nosso país. Entre esses recursos estão: precarização da educação, do saneamento básico, a pouca ou nenhuma distribuição de renda. Segundo Vanda Ortega, indígena do povo Witoto, do Alto Solimões de Manaus: “…a luta de vocês são as nossas aqui, diante de toda uma ausência do poder público para com as populações indígenas, que vivem principalmente em contexto de cidade. A gente passou por muitos desafios nesse momento de pandemia, o estado e o poder público negam a existência desses povos no contexto de cidade; a falta de assistência médica e de educação; a precariedade no saneamento básico; a falta de água potável, a falta de energia elétrica: toda essa problemática social e de infraestrutura tornam essas populações extremamente vulneráveis na cidade”.

Contudo, apesar de tantos relatos de injustiças sociais em uma sociedade tão desigual como a nossa, são atitudes da sociedade civil como a iniciativa desse ato-live que nos fortalecem e reafirmam a importância do movimento popular. Logo, faz-se cada vez mais necessário a existência de espaços que possibilitem o afeto e a solidariedade para
com a dor do outro e o respeito ao luto. E também visibilizar a atuação dessas organizações populares que realizam trabalhos primordiais em meio a tantas dificuldades – ações estas, que potencializam a dignidade e o direito à vida.

A live foi uma iniciativa do Informativo Radar Covid-19 Favelas do Observatório Covid-19 Fiocruz; Laboratório Território, Ambiente, Saúde e Sustentabilidade da Fiocruz Amazônia; Plataforma Cidades em Movimento/Cooperação Social da Fiocruz, em parceria com a Agenda Nacional pelo Desencarceramento, a Frente Estadual pelo Desencarceramento do Amazonas, a Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência/RJ, Grupo Eco Santa Marta/RJ, Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré /Museu da Maré/RJ e Teia de Solidariedade Zona Oeste/RJ.

A live está disponível no link de transmissão: https://cutt.ly/CIDADES22

Esta gostando do conteúdo? Compartilhe

Veja Também