O Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria/ENSP/Fiocruz, segundo dados do setor de vigilância, registrou 59 casos de tuberculose no ano de 2020. A maioria dos casos em pessoas maiores de 15 anos e em homens (59,32%). Observa-se que entre mulheres os casos da doença vêm aumentando. Desses 59 casos, 16 foram registrados na área do Parque João Goulart, 11 na área de Vila Turismo e 9 na área da Vila São Pedro e Comunidade Agrícola de Higienópolis. Entre os 59 casos, 44 foram casos novos, isto é, pessoas que adoeceram pela primeira vez. Do total, 52 casos foram da forma pulmonar da doença. No final deste ano tivemos 29 curas, 15 abandonos e 1 óbito por tuberculose. O restante “encerrou” o tratamento por outras causas. No ano de 2021, até o mês de junho, foram contabilizados 38 casos; a maioria deles em pessoas maiores de 15 anos e em homens. Vila Turismo e Parque João Goulart são as áreas que mais acumulam casos até agora. Desses 38 casos, 29 deles são casos novos. Provavelmente este ano de 2021 teremos mais casos que em 2020. A tuberculose é uma doença da pobreza, da insegurança alimentar e social, das más condições de vida. Não devemos, em momento algum, esquecer desta determinação social. Pobreza e tuberculose caminham associadas, ainda mais em tempos de pandemia onde houve (involuntariamente) uma diminuição significativa na busca ativa de casos, na identificação, e, consequentemente, nos diagnósticos e tratamentos oportunos. Isso é notório quando se compara a redução do número de notificações de 2020 em relação a 2019. O que lemos aqui não expressa o tamanho do problema em Manguinhos. Temos visto um empobrecimento brutal das pessoas. Elas têm fome. De tudo!”
RELATO DA CLÍNICA DE SAÚDE DA FAMÍLIA VICTOR VALLA, EM MANGUINHOS:
Valeska Antunes, médica da Clínica de Saúde da Família Victor Valla
“Comparando os anos de 2019 e 2020, percebemos que houve aumento das solicitações de baciloscopia – o exame de rastreio para tuberculose. Porém não houve aumento de diagnósticos. De outra sorte, a taxa de alta por cura teve uma redução de 76% em 2019 para 55% em 2020, com aumento proporcional de abandonos. Isto reflete a desestruturação do trabalho das equipes no período da pandemia, com afastamento de muitos profissionais por se tratarem de grupo de risco, sem reposição dos mesmos, e a necessidade de mudança de escalas para atendimento específico da Covid.”