Como se já não bastasse a crise que estamos vivendo por conta da pandemia do novo coronavírus, a atual prefeitura do Rio de Janeiro já assumiu seu mandato cometendo graves erros e um deles é fechar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manguinhos. No dia 6 de janeiro desse ano, a UPA foi encontrada fechada, sem nem mesmo ter tido o aviso prévio. Os pacientes foram transferidos durante a madrugada. Na porta da UPA não havia funcionário informando os pacientes que chegavam em busca de atendimento.
A unidade que atende toda a região de Manguinhos e adjacências, era administrada pela Organização Social Fiotec-Fiocruz e em novembro de 2020 passou a ser administrada pela Rio Saúde. Segundo o Portal G1, a UPA atende em média 400 pessoas por dia, totalizando 12 mil por mês, e se ficar fechada por 10 dias já deixa de fazer cerca de 4 mil atendimentos.
Segundo a página do Conselho Comunitário de Manguinhos, no dia 8 de janeiro, uma comissão de conselheiros locais compareceu à Prefeitura cobrando a reabertura da unidade. Além disso, as páginas da região estão promovendo a campanha “#ReaberturadaUpaManguinhosJá”, em que pedem o apoio da comunidade gravando vídeos, postando fotos e mensagens com a hashtag.
Segundo o portal de notícias G1, o Rio de Janeiro, que em dezembro bateu a marca de 100% de leitos ocupados na rede particular, e as Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) estão com 98% das vagas ocupadas. Já os leitos da enfermaria reservados para Covid-19 bateu 70% dos leitos ocupados. Também em dezembro, as filas para internação registravam 184 pessoas e em uma semana o número subiu para 341.
A cidade do Rio de Janeiro vive em constante caos na área da saúde e o fechamento de uma Unidade de Pronto Atendimento, em uma região que reúne dezenas de favelas, causa um problema gravíssimo. Outras unidades ficarão congestionadas e isso priva o acesso da população ao direito básico à saúde. Segundo a comissão em defesa da UPA Manguinhos, o subprefeito Diego Vaz afirmou que o fechamento se deu pela falta de um contrato com a Organização Social. E afirma que a reabertura da UPA será no mês de fevereiro.
Uma carta coletiva de reivindicações foi entregue em mãos ao secretário de saúde Daniel Soranz em uma reunião no dia 11 de janeiro na Fiocruz, pela Comissão em Defesa da UPA Manguinhos – formada por moradores, presidentes de Associações de Moradores e Conselheiros de Saúde locais.
No dia 10 desse mesmo mês, o presidente da Associação de moradores da Comunidade Agrícola de Higienópolis – C.A.H., uma das favelas pertencentes ao Complexo de Manguinhos, teve um infarto enquanto trabalhava dentro da Associação; como a UPA Manguinhos estava fechada, ele foi levado para a UPA do Complexo do Alemão, mas infelizmente não resistiu. A pergunta que fica: “Será que se ele fosse atendido na UPA Manguinhos, por ser mais perto, teria sobrevivido?”
A Comissão em Defesa da UPA continua tentando a antecipação desse prazo de reabertura para que vidas como a de Raimundo sejam preservadas. Várias reuniões estão ocorrendo com moradores, trabalhadores de Manguinhos e o Conselho Comunitário para solucionar o problema do fechamento da UPA.
Foto: Acervo Comacs